Entrega de obra atrasa e gera transtornos na Rua Sabino Silva

Requalificação tinha entrega prevista para janeiro; troca de empreiteira faz intervenção “se arrastar"

Entrega de obra atrasa e gera transtornos na Rua Sabino Silva
Foto: Divulgação

Uma obra bem-vinda, mas que tem causado transtorno para a população, parece ser a melhor forma de definir a requalificação da rua Professor Sabino Silva, no Jardim Apipema, região de Ondina. A entrega estava prevista para janeiro de 2022 e o investimento inicial somava mais de R$ 4,7 milhões. 

Hoje, com cerca de oito meses de atraso e a segunda empreiteira, a obra, segundo a prefeitura, estaria na “reta final”. Os que residem ou têm que transitar no local não veem a hora de deixar o período de caos causado pela requalificação para trás. 

“Entendo que é uma obra que veio para deixar a rua melhor, mas tem sido transtorno atrás de transtorno. Além dela demorar demais, nenhum responsável explica ou comunica sobre o andamento. Houve uma época em que eles fecharam partes enormes da calçada e a gente que desse um jeito para chegar ao trabalho ou no ponto de ônibus pela pista, junto com os carros”, relata a vendedora Alexandra Maciel, que trabalha em uma loja de roupas femininas.

Colega de trabalho de Alexandra, Lara Laís Brito conta que houve um período em que a loja ficou 15 dias sem fluxo de clientes porque era quase impossível chegar. 

“E em época de chuva a coisa era ainda pior, pois já me deparei com um verdadeiro rio de lama e cimento na frente da loja Sem falar das coisas que eles constroem em um dia, e no outro eles mesmo desfazem. Está ficando bonito? Está, mas o transtorno tem sido demais e constante”, afirma.

A obra é a segunda etapa da requalificação da rua Professor Sabino Silva e teve a ordem de serviço assinada pelo prefeito Bruno Reis no dia 7 de maio de 2021. 


Contratos

A empreiteira contratada para a requalificação foi a CBR Empreendimentos Eireli, com um investimento de R$ 4.761.366,56 – vindo dos recursos financeiros junto ao Ministério do Desenvolvimento Regional/Caixa Econômica Federal e dos recursos do orçamento municipal. 

No entanto, a empreiteira precisou ser trocada e quem tomou as rédeas da obra foi a Contech Engenharia Ltda, com um investimento de R$ 3.142.610,38. 

A reportagem de A TARDE entrou em contato com a Contech Engenharia para saber mais informações quanto ao andamento da requalificação e as etapas, mas até o fechamento desta edição não teve retorno. 

Por meio de nota, a Superintendência de Obras Públicas do Salvador (Sucop) informou que a dilatação do prazo de entrega deve-se ao fato de a primeira empresa ter desistido da obra, então foi necessário fazer uma nova licitação para contratação de outra empreiteira. A nota ainda ressalta que as obras já estariam na “reta final”, e que a previsão é que tudo seja entregue ainda no próximo mês.


Transtorno

A diarista Denise Sodré, que trabalha em uma casa na região e precisa passar na rua pelo menos duas vezes na semana, reforça o enorme transtorno que uma obra que era para durar apenas seis meses pode causar. 

“Eles demoraram demais, deviam ter terminado isso muito antes. A obra deixa isso aqui na maior lambança de lama quando chove e mesmo que tenha trabalhador aqui quase todas as vezes que passo a caminho do trabalho, ela nunca parece terminar”, pontua a diarista.


Obras atrasadas

Longe de ser a única obra na cidade que atrasa e/ou causa caos em seu entorno, a requalificação da Sabino Silva tem algumas ‘colegas’ nesse time, há exemplo da 'Nova Tancredo Neves', um túnel que ligará a avenida Tancredo Neves à avenida Prof. Magalhães Neto, que tem causado muitos engarrafamentos e dificuldades para estacionar. 

No início, o túnel deveria ser entregue entre abril e maio do ano passado. Abril chegou e foi embora, e em novembro de 2021 o prazo passou a ser março de 2022. 

Mas quando fevereiro chegou, o prazo mudou para maio de 2022. No momento? A previsão da Seinfra é que a obra seja entregue ainda no final deste mês.

Outra obra que parece nunca ter fim e que causa caos dia após dia é a do BRT, que voltou a dar o que falar nas últimas semanas, depois que uma publicação feita em uma rede social acusou a Prefeitura de Salvador de derrubar árvores centenárias da Avenida Juracy Magalhães Júnior, por onde passará o trecho 2 do BRT. 

O autor da postagem afirma que a derrubada de árvores no local acontece "na calada da noite, enquanto a cidade dorme, em uma covarde tentativa de evitar comoção". 

Vale lembrar que, desde 2018, quando as obras tiveram início, grupos que atuam em defesa do meio ambiente têm feito manifestações contra o processo. 

Em relação à obra no Jardim Apipema,  o aposentado Euclides Sandro Soares, que mora no local há 27 anos, conta que tenta relevar o lado ruim. 

“Prefiro não me estressar à toa, afinal obra é assim mesmo, né? Demora. Mas também acredito que essa reforma vai valorizar muito os imóveis por aqui, além de ficar muito bonito também”. 

Mas o aposentado relata ter observado o que  parecem ter sido  “muitos erros no projeto”. E explica: “Durante as obras, eu via os trabalhadores desfazendo algo que eles mesmos tinham feito dias antes e refazendo. Agora parece que está finalmente chegando ao fim, só espero que dure”.