Morre Eunice Jorge dos Santos, uma das fundadoras do grupo As Ganhadeiras de Itapuã

Morre Eunice Jorge dos Santos, uma das fundadoras do grupo As Ganhadeiras de Itapuã

Morreu Eunice Jorge dos Santos, uma das fundadoras do grupo As Ganhadeiras de Itapuã. A informação foi divulgada em uma rede social do grupo na noite de sexta-feira (24).

Na publicação, o grupo afirmou que a família das Ganhadeiras de Itapuã perdeu uma das suas mais influentes participantes. Confira abaixo:

"É com imensa tristeza que comunicamos o falecimento da nossa compositora, cantora e sambadeira Eunice Jorge dos Santos, a família Ganhadeiras perde uma das suas mais influentes participantes, mulher de muita fé que fará muita falta em nossas vidas. Vá em paz minha querida e com certeza serás mais um ser de luz a nos guiar".

 

Nicinha, como era popularmente conhecida, foi uma compositora, cantora e sambadeira. Não há informações sobre a causa da morte.

O sepultamento está previsto para a manhã deste sábado (25), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, no bairro de Nova Brasília.

 

As Ganhadeiras de Itapuã remontam uma trajetória de gerações e séculos. O bairro de Itapuã, em Salvador, era uma vila de pescadores, e um grupo de mulheres negras já lutava pela subsistência de suas famílias.

Elas lavavam de ganho, preparavam peixes e outras iguarias para vender na rua, mercados, feiras. Iam a pé até o centro da cidade, equilibrando balaios nas cabeças. No trajeto, “para espantar o cansaço”, iam compondo e cantando; eram cantigas de roda, sambas e cirandas. Dessa tradição, surgiu o grupo Ganhadeiras de Itapuã.

Cronistas do dia dia, as Ganhadeiras comunicam-se com diferentes gerações. Em pleno litoral da capital baiana, a música do grupo foi nomeada de “Samba de Mar Aberto”, que se distingue das células do samba de roda do Recôncavo e traz características próprias, é aberta à influência da ciranda, sambas de diferentes matrizes, candomblé entre outras misturas rítmicas.

O grupo já recebeu o Prêmio Culturas Populares – Mestre Duda 100 Anos de Frevo, concedido pelo Ministério da Cultura, e foi reconhecido como uma das iniciativas exemplares das culturas populares do Brasil.

Em 2014, lançou um disco homônimo que em 13 músicas reúne raridades da cultura negra baiana e brasileira, candomblé, a importância da presença e liderança feminina, o amor pela natureza e crianças. O trabalho foi contemplado na 26ª edição do Prêmio da Música Popular Brasileira na categoria Melhor Grupo e Melhor Álbum Regional em cerimônia realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.