"Mundo caminha para um ciclo estagflacionário", diz Monica de Bolle

Especialista alerta que o crescimento atual do país é temporário e artificial, pois o Brasil não tem dinamismo na economia

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Pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics (PIIE), conceituado think tank norte-americano, em Washington, a economista e escritora Monica de Bolle considera crítico o quadro da economia brasileira e alerta que o Brasil não está imune ao processo de estagflação em curso nas maiores economias do planeta.

Estagflação é o pior dos mundos em termos econômicos: não há crescimento, os preços continuam subindo e o desemprego aumenta. O momento atual no país, de um pouco de crescimento e de inflação perdendo força — que vem sendo utilizado na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) — é temporário. A especialista ressalta que o país está em um timing diferente do resto do mundo. "O descolamento é temporário. Ele nunca é permanente, porque o Brasil não está em Marte", resume.

A analista prevê que, ainda no começo de 2023, o país vai mergulhar no processo de estagflação global e os efeitos por aqui podem ser muito piores, porque a economia não é dinâmica, além de estar desorganizada. Monica analisa que, em grande parte, esse desarranjo é culpa do atual governo que, para vencer as eleições a qualquer custo, está criando bombas fiscais insustentáveis. "O Brasil está crescendo artificialmente. É como se fosse um paciente sobrevivendo à base de ventilação, cheio de tubo", ressalta. Por isso, o discurso otimista do governo é "de palanque".