Número de brasileiros com contas em atraso bate recorde em julho
Quase metade dos inadimplentes tem dívidas de até R$ 1 mil
Mais de 63 milhões de brasileiros estão com dificuldade de pagar as dívidas. O Jornal Hoje mostrou os dados de um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes, Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
A quantidade é próxima ao período de novembro de 2019, antes da pandemia. Eram 63,8 milhões, segundo dados divulgados pela Serasa Experian.
Outra pesquisa das entidades feitas em julho deste ano mostra que 4 em cada 10 brasileiros estavam com o nome negativado. Na comparação com julho do ano passado o endividamento subiu 16,5% e o número de pessoas que estão devendo há mais de 3 meses aumentou quase 40%.
“A inflação tem sido hoje o principal agente causador dessa inadimplência, porque o orçamento livre das pessoas, aquele orçamento fora a parte essencial que é aluguel, alimento, energia, transporte, escola, farmácia, aquela parte livre foi corroída, foi praticamente eliminada do orçamento das famílias, deixando muito pouco recurso para honrar os pagamentos que haviam sido feitos sob outro cenário”, explica Roque Pellizzaro, presidente do SPC Brasil.
Quase metade dos inadimplentes tem dívidas de até R$ 1 mil, e as mulheres, muitas delas chefes de família, estão ligeiramente mais endividadas que os homens. Num cenário de aumento da taxa de juros, as dívidas com os bancos representam 60% do total. Já o restante fica com o comércio e as contas de água e luz.
“Nós não vemos no curto prazo a tendência de redução dessa inadimplência. A melhora nos índices de empregabilidade e a redução desse processo inflacionário vão fazer com que mais brevemente as pessoas tenham condições de pagar”, avalia Pellizzaro.
As dívidas negativadas podem gerar a inclusão do nome da pessoa inadimplente em listas mantidas por instituições de proteções de crédito, como Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Serasa, o que impede a obtenção de empréstimos e financiamentos.
