Programa de cirurgia bariátrica do HMS completa dois anos

O Serviço de Cirurgia Bariátrica no HMS vai além da intervenção cirúrgica, feita de acordo com padrões internacionais de elegibilidade.

Programa de cirurgia bariátrica do HMS completa dois anos
Foto: Divulgação

Lançado em meio à pandemia da Covid-19, o Serviço de Cirurgia Bariátrica do Hospital Municipal de Salvador (HMS) completa, neste domingo (30), dois anos de funcionamento. Desde sua implantação, o serviço vem registrado progresso contínuo e já é considerado um dos mais promissores da rede pública brasileira. Para incrementar o serviço, o Hospital Municipal de Salvador (HMS), gerido pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia, montou todo o fluxo interno para atendimento integral ao paciente.

O Serviço de Cirurgia Bariátrica no HMS vai além da intervenção cirúrgica, feita de acordo com padrões internacionais de elegibilidade. O atendimento ao paciente inclui assistência multidisciplinar, coordenado pelo médico Creilson Campos. A equipe multiprofissional conta ainda com os cirurgiões Bruno Varjão, Fernando Zacarias e Priscila Prates, os endocrinologistas Aline Pereira e Heckel Brasil, pela psicóloga Liana Amorim e pela nutricionista Daniela Magalhães.

Mensalmente são realizadas 20 cirurgias para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), encaminhados pela Central de Regulação Municipal. Após a realização do procedimento, o paciente continua sendo monitorado pelos mesmos profissionais da equipe multidisciplinar e realiza exames laboratoriais e complementares necessários.

“Implantamos no Hospital Municipal de Salvador uma das melhores estruturas do país para realização da cirurgia bariátrica. Temos uma equipe extremamente qualificada, referência nesse tipo de procedimento, e uma estrutura hospitalar moderna para garantir a realização dos procedimentos cirúrgicos de forma resoluta e segura”, explicou Decio Martins, secretário municipal da Saúde.

De acordo com o diretor do HMS, Gustavo Mettig, os números traduzem a alta procura pelo serviço no hospital. “A gente começou em 2020 já com o ambulatório e, em dezembro, foram seis cirurgias. O projeto estipula até 20 cirurgias por mês e se não fosse a pandemia, teríamos feito muito mais”. Até esta quarta-feira (26), a unidade hospitalar já havia realizado 392 cirurgias e quase 12 mil atendimentos ambulatoriais desde o início.

“Este é um projeto de sucesso, porque há uma população carente do serviço. A gente recebe esse retorno no Fale Conosco pela Ouvidoria, e a gente avalia internamente com os pacientes. Às vezes, temos pacientes que vieram por outra situação e se tornam pacientes da bariátrica. Todo fluxo interno é acompanhado, o ambulatório é específico para o bariátrico. Desde que a pandemia diminuiu, mantemos a média de 20 procedimentos ao mês. A procura sempre se manteve alta”.

O cirurgião Bruno Varjão afirma que, devido à alta demanda, as cirurgias hoje têm sido marcadas para março de 2023. Ele lembra que esse número se dá principalmente pelo aumento no caso de obesidades, segunda causa de morte evitável no mundo. “Se o paciente elegível tem desejo e manifesto, tem indicação de cirurgia. No ponto de vista de saúde pública, a obesidade é uma epidemia. Temos 3 a 5% da população baiana com obesidade mórbida. Só em Salvador, temos entre 450 e 600 mil pessoas elegíveis para bariátrica, e a gente fica restrito ao HMS e Hospital das Clínicas, os únicos locais que operam bariátrica via SUS em Salvador”.

Sobre os benefícios da bariátrica, ele lembra o caso de uma paciente que entrou na mesa de cirurgia e teve a expectativa de vida aumentada em nove anos. “Os números são muito agressivos. Temos hipertensão com mais de 90% de resolução, diabetes, 75% de resolução. Em até seis meses, muitos pacientes deixam de usar medicação de uso contínuo. Tem resultado e tem benefício”.

Falando em benefício, a marisqueira Maiara Costa, de 32 anos, aguardava cirurgia na manhã desta quarta-feira (26). “Agendei pelo aplicativo de mensagem após indicação de uma amiga que fez. Entrei em contato e não demoraram de me procurar. Em janeiro vim para a primeira consulta e comecei o processo. Foi muita ansiedade e choro e hoje estou aqui. Resolvi fazer por motivo de saúde, sou pré-diabética com problemas de articulação, então pensei muito na minha saúde. O serviço aqui é maravilhoso, não tenho palavras para descrever”, disse, emocionada.

A irmã dela, Sheila Capinam, acompanhou todo o processo desde o início. “O atendimento aqui é perfeito, desde a marcação até a cirurgia, todos foram acolhedores, não deixaram nada a desejar. Tiraram as dúvidas, fizeram entrevistas online, presenciais, com todo mundo que está apoiando Maiara, disseram o que podia e o que não podia, então me senti muito segura, e podendo passar essa segurança para a minha irmã também”.

Recuperação – Além da perda de peso, a cirurgia bariátrica costuma ajudar a pessoa na recuperação da própria saúde, em relação às condições médicas normalmente associadas ao excesso de peso, como a diabetes e a hipertensão arterial.

Processo – Todo atendimento voltado para a realização do ato cirúrgico deve ser indicado previamente através de atendimento na rede básica. O paciente com indicação para o procedimento passa antes por uma equipe multidisciplinar, para que seja verificado se atende todos os critérios necessários para realização da cirurgia. Em caso afirmativo, começa a preparação para a realização de exames pré-operatórios.

A cirurgia é recomendada para pacientes entre 16 e 18 anos (mediante autorização dos pais) e até os 65 anos sem restrições. Para as pessoas acima dos 65 anos, é feita uma avaliação individual. Além disso, os pacientes com IMC (índice de massa corpórea) acima de 30 estão aptos, desde que apresentem comorbidades, ou intratabilidade clínica da obesidade, apresentando documentação.

Após este período, e por indicação da equipe, o paciente tem o procedimento agendado. A cirurgia dura cerca de 90 minutos, através de videolaparoscopia, com pequenas inserções em locais pontuais, e sem “abrir” o ventre do paciente.

A atividade é realizada por equipes experientes e com a utilização de equipamentos de primeira linha. O acompanhamento pós-operatório tem duração aproximada de seis meses, ainda sob orientação da equipe multidisciplinar do HMS.