Brasil goleia a partir dos pontas e da movimentação de Neymar e Paquetá

Entenda como o Brasil jogou na análise tática da vitória sobre a Coreia do Sul, por 4 a 1, na Copa do Mundo

Brasil goleia a partir dos pontas e da movimentação de Neymar e Paquetá
Foto: Divulgação

O Brasil "jogou como Brasil" na vitória sobre a Coreia do Sul por 4 a 1, nas oitavas-de-final da Copa do Mundo. Com quatro gols no primeiro tempo, foi a melhor exibição da seleção no Catar e o resultado mais elástico em um mundial desde 2014.

Foi também o jogo no qual a formação tática de Tite funcionou de forma completa. Tudo o que é treinado pela comissão técnica foi visto em campo. Mesmo com a fragilidade da Coreia após o primeiro gol, o Brasil jogou melhor do que os outros confrontos na Copa.

E teve como destaque o jogo com os pontas Vini e Richarlison e a movimentação de Neymar, que voltou de lesão, com Paquetá.

COM A BOLA, DANILO JOGA COMO MEIA
A Coreia se fechou em seu campo e deu a bola para o Brasil. Quando tinha a posse, a seleção formava um desenho tático próximo de um 3-2-5. Militão ficava mais à direita, e Danilo jogava como um segundo meia ao lado de Casemiro. Assim, Paquetá e Neymar jogavam mais próximos do ataque, com os dois pontas sempre abertos na linha de fundo. Confira na imagem.

JOGO PELAS PONTAS FUNCIONA
Com os dois pontas bem abertos e o meio preenchido, o Brasil conseguia alterar o jogo. Ora tentava por dentro, ora buscava os lados. O diferencial é que finalmente o jogo com os pontas funcionou e produziu o resultado que Tite busca: gerar espaço no lado oposto da jogada.

O primeiro gol é o grande exemplo do que o treinador quer. O Brasil joga com dois jogadores abertos para criar espaço no lado oposto e permitir que o drible quebre defesas. É o que acontece quando Raphinha dribla e leva para dentro. Observe que, na aproximação de Casemiro e Paquetá, a defesa da Coreia, postada com duas linhas de quatro, se concentra toda para um setor - o local da bola - e deixa o outro lado desprotegido.

O espaço é aberto no lado oposto da bola. É uma inversão de jogo. Raphinha devolve e Vini conclui totalmente livre para o gol.

TITE AJUSTA POSICIONAMENTO DE NEYMAR E PAQUETÁ
com Neymar de volta após três jogos fora, um dos pontos de atenção era a movimentação dele com Lucas Paquetá como volante. Os dois se entenderam e jogaram com muita liberdade, buscando preencher posições de forma complementar.

Neymar abre pelo lado esquerdo e Vini ocupa o setor esquerdo. É uma troca de posição. Veja que, olhando o campo todo, o Brasil ainda ocupa os lados, mas muda quem ocupa. Como Ney se movimenta, Paquetá busca jogar entre as linhas, nas costas do volante da Coreia.

quem busca jogar entre as linhas é Neymar. Com isso, Paquetá busca um outro espaço e vem buscar a bola da defesa. Com os dois mais pelo centro, os pontas mantém o posicionamento aberto.

Neymar e Paquetá jogaram juntos por apenas 60 minutos contra a Sérvia. Se no primeiro tempo não conseguiram tabelar e se aproximar, agora jogaram com mais movimentação e ajudaram a seleção a manter a posse. No quarto gol, gerado num contra-ataque do Brasil, os dois entram na área.

É outro ponto cobrado por Tite: a entrada na área de quem joga pelo meio, buscando ampliar as opções de finalização.

O Brasil jogou muito. Diminuiu o ritmo no 2º tempo. Mesmo com as entradas de Daniel Alves e Bremer, não mudou a formação tática. Contra a Croácia, nas quartas-de-final, o desafio é manter o que deu certo e não sofrer contra um dos mais talentosos meios de campo da Copa do Mundo.