Fundo internacional e mercado de carbono travam pauta da COP27

Avaliação de especialistas é de que falta consenso entre países desenvolvidos, emergentes e os mais prejudicados pelo aquecimento global para definir repasses

Fundo internacional e mercado de carbono travam pauta da COP27
Foto: Divulgação

O financiamento de políticas contra a emissão de gases do efeito estufa e o chamado mercado de carbono motivaram o adiamento da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP27) para este sábado (19). Os países tentam chegar a um consenso sobre quanto as nações desenvolvidas vão desembolsar para incentivar projetos sustentáveis. Há, ainda, discussões se os países emergentes, como o Brasil, também vão contribuir para esse fundo para socorrer aqueles que mais sofrem com o aquecimento global. 

“Houve uma fala nova da União Europeia, que disse aceitar a criação de um fundo para isso. Sò que foram colocadas algumas condições. Eles querem que países emergentes também aportem recursos nesse fundo. Daí, entrariam China, Brasil, África do Sul, Indonésia e por aí vai”, afirma Guarany Osório, coordenador do Programa Política e Economia Ambiental do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

De acordo com o geógrafo Diosmar Filho, doutorando em Geografia na Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Associação de Pesquisa Iyaleta, esse financiamento já era tema de discussão desde o Acordo de Paris, em 2016. Essa pauta já estava prevista para ser discutida e solucionada na COP27, mas os desafios são muitos.

“Isso envolve o Brasil, porque o Brasil vai revisar agora, em 2023, seu Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima. O governo atual (de Jair Bolsonaro, do PL) abandonou as ações de adaptação. O que você vê nos estudos é uma falta de estratégias da União. O problema é que a discussão internacional começou quase que do zero na COP27”, diz.

Compensar os países que emitem menos gases do efeito estufa, mas que sofrem as consequências de fenômenos meteorológicos extremos, é uma antiga aspiração dos países mais vulneráveis. Pela primeira vez em 30 anos, a proposta está perto de ser aprovada. "Faço um apelo às partes a trabalhar juntas para resolver estas questões pendentes o mais rápido possível", afirmou o chanceler egípcio Sameh Choukri, que preside a COP27.