Em sete anos, número de armas apreendidas dobra em Salvador.

Entre os anos de 2015 e 2021, na capital baiana, foram apreendidas ao todo 171 armas, sendo: 18 fuzis, 21 escopetas, 43 metralhadoras e 89 submetralhadoras.

Em sete anos, número de armas apreendidas dobra em Salvador.
Foto: Divulgação

O número de armas apreendidas em Salvador mais que dobrou nos últimos sete anos. Em 2015, 23 armas de fogo, dos tipos fuzil, escopeta, submetralhadora e metralhadora, foram apreendidas pelas polícias Militar e Civil. Já em 2021, o número saltou para 50. Os dados utilizados pelo Bahia Notícias para fazer o levantamento foram cedidos pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Entre os anos de 2015 e 2021, na capital baiana, foram apreendidas ao todo 171 armas, sendo: 18 fuzis, 21 escopetas, 43 metralhadoras e 89 submetralhadoras.

Conforme o levantamento, houve uma oscilação na quantidade de apreensão deste tipo de armamento. Em 2016, o número de apreensões aumentou para 26. Nos dois anos seguintes reduziram para menos da metade, com 11 em 2017 e 12 em 2018. Porém desde 2019, a quantidade não para de aumentar. Em 2019 foram 21 armas que ficaram fora de circulação, e em 2020 o registro foi de 28, 22 a menos do que o contabilizado no ano passado.

"O crescimento das apreensões retratam mais o trabalho policial do que o mercado de armas ilegais. As curvas de apreensão não serão eternamente ascendentes. Não teremos sempre uma ampliação das apreensões, porque é esperado que, se a polícia apreendeu muita arma hoje, vai gerar escassez e dificuldade no mercado criminoso amanhã, sobretudo nos armamentos de grosso calibre, que são armamentos mais caros", pontuou a antropóloga e professora do bacharelado de segurança pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz.

POSSE

O aumento de apreensões no estado coincide com o crescente número de novos certificados de registro de armas de fogo, divulgada pelo anuário de Segurança Pública do Fórum de Segurança, com base no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (SIGMA) do Exército Brasileiro.

De acordo com o levantamento, em sete anos, o registro de armas também mais que dobrou no estado. Em 2015 foram registradas 3.077 armas de fogo enquanto em 2021 foram 7.871. O total de armas registradas na Bahia através do SIGMA entre os anos de 2003 e 2021 é de 51.541.

A especialista ainda analisa que a facilidade encontrada para a obtenção de armas pode responder aos questionamentos sobre o número de apreensões dos tipos de armamentos já citados. Segundo Jacqueline, as políticas patrocinadas pelo Governo Federal, além de facilitar o armamento, baratearam o acesso às armas, o que acaba sendo aproveitado por organizações criminosas.

"As armas são fundamentais para a economia criminosa, é o que garante a logística do crime. Tivemos a flexibilização no governo Michel Temer e de forma mais intensa no governo Bolsonaro, o que barateou o armamento. Antes, essas armas de grosso calibre eram importadas, comprados no mercado ilegal, com altos valores. Se comprava um fuzil, por exemplo, por mais de R$ 100 mil e hoje se compra, de forma legalizada, por R$ 60 mil. A flexibilização levou a um barateamento da atividade criminosa, então a polícia na verdade fica enxugando gelo. Hoje o PCC, o Comando Vermelho, a Família do Norte, e todos os grupos armados do Nordeste estão comprando armas legalizadas e a baixo custo, reduzindo a sua folha de pagamento", pontuou a pesquisadora.

VIOLÊNCIA

De acordo com dados do Atlas da Violência, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado em 2021, o número de homicídios por arma de fogo aumentou no Estado: saltou de 4.555 (2015) para 5.449 (2016). Em 2017 o número se manteve no mesmo patamar, com 5.427 mortes e caiu nos dois anos seguintes: com 4.977 em 2018 e 4.596 em 2019.

Ainda de acordo com os dados do Atlas, em 2015, 1.385 óbitos por armas de fogos foram registrados em Salvador. Já em 2019, último ano disponível na plataforma do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), houve uma leve redução, com 1.128 óbitos registrados na capital baiana.